terça-feira, 30 de julho de 2013

Mulher pra NÃO casar

É fácil para um homem heterossexual resgatar velhos (mas ainda em uso) chavões machistas para classificar a mulher ideal: aquela que é bonita e cuida de seu corpo, é sensível, romântica, gosta de ter a casa sempre limpa, veste-se de maneira aceitável pela sociedade, é comportada na presença de outras pessoas, compreensiva em relação aos horários de trabalho e lazer do marido, sonha em ser mãe e cuidar da casa e ainda satisfaz sexualmente seu parceiro.

Se você também considera este o ideal de mulher e esposa, posso garantir que, no mínimo, você possui uma mentalidade bastante retrógrada. E o pior, parando desse jeito no tempo, você provavelmente não terá a oportunidade de conhecer mulheres maravilhosas que passam longe desse estereótipo e não estão nem aí para entrar nesta classificação paupérrima do que é “ideal”.

Um exemplo é a mulher que é independente psicológica e profissionalmente, escolhe fazer as coisas que gosta e quer realmente fazer, compartilha histórias e não fica apenas escutando as que você conta, tem o seu cantinho (ou cantão, tanto faz), mas não considera nenhum lugar como definitivo, esbanja personalidade e inteligência sem ser arrogante, gosta de festa, fazer amigos e conversar sobre tudo, aprendendo e ensinando, sempre com muito bom humor.

Se você acha que é impossível encontrar alguma mulher assim, livre-se do cabresto do preconceito e comece a olhar em volta, dando a si mesmo a chance de conhecê-la. E caso isso aconteça, faça-lhe um favor: não a peça em casamento. Não tente enquadrá-la em regras de sociedade ou podar sua liberdade, ela não tentaria fazer isso com você.

E lembre-se que não existe a mulher ideal, mas existe a mulher foda. Para. Caralho!

sábado, 20 de julho de 2013

A velhice minha de cada dia.

Ir na famigerada balada me embrulha o estômago ultimamente. Eu nunca gostei muito de ir em lugar cheio de gente, com música alta pra cacete, sem espaço pra me mexer e só com gente igual. É preciso um esforço ridículo pra pegar bebida cara e voltar a ficar apertado no meio de um monte de gente que sai só pra ''pegar geral''. Nada contra isso, mas acho um saco. E não consigo conversar direito, porque preciso ficar gritando no ouvido das pessoas e também quase nunca ouço tudo o que a outra pessoa falou. Imagina quando eu tiver uns 40 anos...
Prefiro bem mais ir em um bar, sentar, ficar falando merda com os amigos, poder mijar a hora que quiser, sem precisar enfrentar uma multidão na ida e na volta. Tomar cerveja de garrafa. Pedir algo pra comer. Conversar e beber mais. E também gosto de fazer isso à tarde. Sair depois das 22h me enche a alma de preguiça (mas posso ficar das 16h até as 5h da madrugada bebendo e conversando).
Outra alternativa é ficar em casa. Vejo pessoas da minha idade loucas pra sair todo fim de semana, loucas pra conhecer gente nova (embora já tenha conhecido muita gente legal em bar), tirar fotos e tudo mais. Pode ser legal, tudo bem, mas ficar em casa também pode. Eu não ligo de ficar em casa, num sábado, vendo filmes, ouvindo música ou simplesmente não fazendo nada. Já era assim antes, e depois que peguei a merda da caxumba e tive que ficar duas semanas sem sair de casa e perder a conta de quantos filmes vi, percebi que não tenho mesmo nenhum problema com esse tipo de atividade. Ter whisky em casa sempre ajuda também.
E é isso. Agora vou sair, curtir A Balada. Do Pistoleiro. Tá passando na TV. Aproveito e deixo uma música foda do filme:


quarta-feira, 17 de julho de 2013

Ultimate Mendigo Championship

14:00 horas. Chego no bar. Peço uma cerveja e fico a esperar meu amigo Sergio Augusto. Entre um gole e outro escuto as conversas de outras mesas, vejo um mendigo pedindo ''moeda pra uma cachacinha'' para todos que passam na rua. Tem sol e parece que será um bom dia.
Sergio chega e começamos a conversar sobre a vida, sobre trabalho, mulheres, filmes, política na Rússia e tudo mais. As horas voam e a noite chega. Vemos umas turistas francesas no Hostel do lado do bar e admiramos a paisagem estrangeira. Um pouco depois, Sergio, astuto e atento como sempre (e um pouco alegre) focaliza sua atenção em uma francesa acompanhada de um cara, e fala: ''vamos lá falar com ela?'' Falo pra ele se sentir à vontade e ele vai. Eu fico acompanhando de longe, rindo. Percebo que o cara ficou bravinho porque, segundo ele, ''chegou antes''. Sergio é um cara pacífico e nunca começaria uma briga, o que não se pode dizer da maioria dos caras por aí. Vejo que o Sergio tenta dar um tapinha nas costas do meninão, e esse recua, putinho da cara. Fico esperto, porque se ele encostasse no Sergio eu chegaria soltando golpes mortais (na minha imaginação, pelo menos). Mas nada acontece e o casalzinho se retira. Sergio volta dando risadinha. O tempo voa novamente. Tomamos uma dose de conhaque, mais uma cerveja e vamos embora.
No caminho para o terminal onde Sergio pega o ônibus, andando meio cambaleantes, ele tem a brilhante idéia de, no alto de seus 41 anos, dizer que ganha de mim numa corrida até a esquina. Corremos, ele perde, eu tiro sarro enquanto ele respira pesado (eu também, diga-se). Vamos andando até o terminal, damos uma mijadinha na rua, porque somos foras-da-lei.
Ao chegar no terminal, Servejão, com fome, vai comprar Ruffles. O cara diz que não tem mais salgadinho de pacote e comemos outra coisa. Vamos para o lugar onde ele pega o ônibus e esperamos. Surge então uma mulher, quase um esqueleto de tão magra. Nessa mesma hora aparece um mendigo e fala que foi campeão de Boxe (e eu lembrei daquele filme em que o Samuel L. Jackson é um mendigo que já foi campeão de Boxe). 

No momento fez sentido e eu comecei a lutar com ele. O puto dava soquinho forte, cheio de graça. Ia falar com o amigo e voltava treinar mais. Em um desses intervalos, escuto Servejão falando pra mulher que ele não tem dinheiro, mas que se ela quisesse, ele daria um abraço. E eles se abraçam. Nada de putaria, só um abraço sincero. Nesse instante o Mendigo Tyson volta, querendo mais. Deixo ele dar uns socos no meu braço e dou um tapinha na cabeça dele. Ficou puto e veio pra cima de mim. Desviei uns golpes e dei bronca nele, falando que não pode agir assim com os amigos. Ele elogiou minha jaqueta e pediu uma igual. Falei que não queria mais ser amigo dele e ele voltou pra onde tava antes. A amiga do Servejão também some.  E ele fala, com um ar profundo, que ela só queria um abraço, assim como meu amigo também queria ,no caso, um clinch. Enfim, queriam um pouco de atenção. Assim que ele acaba de falar isso, emenda com: ''tô com fome, vou comprar salgadinho''. Eu falo que o cara disse que não tinha mais, e escuto um: ''não tem como, cara, sério''. Teimoso, deixo ele ir até lá. Ele volta com um pacote de bolacha vagabunda: ''não tinha mais mesmo''.
Nesse momento, ele percebe que estamos ali há mais ou menos uma hora, e que o ônibus não chegou. O esperto então me fala que na última vez também aconteceu isso, e eu reclamo que ele devia ter lembrado disso antes. Um baixinho banguela de terno sujo interrompe nossa convera e fala que me viu brigando com o outro mendigo e que ele sabe boxe tailandês, porque já foi para Hong Kong. Fala também que numa conversa com Barack Obama, ele pediu pro Obama parar de espionar o Brasil, e que já foi agente secreto. Obviamente demos corda pra ele, e nos divertimos muito ouvindo sobre ele ter viajado pra Hong Kong, ter conhecido Bruce Lee, Barack Obama e o 007. Aí meu lado malvado entrou em ação e eu perguntei se ele estava usando escutas, se estava nos espionando. Ele diz que não, e eu, bravo, falo: ''deixa eu ver, tira o paletó''. Ele tira, e ergue a camisa. No meio do terminal, eu falo: ''abaixa a calça, tem que me provar que tá sem escutas.'' E ele abaixa a calça, mostrando o calção de esportista que estava usando. Servejão entra na onda e fala que sou da Polícia Federal, e eu pergunto se ele quer ser preso. Esperto, ele diz que não, e eu falo pra ele sumir dali. Ele some e não o vimos mais. Confesso que hoje eu lembro disso e dou um pouco de risada, mas também sinto um pouco de remorso (embora dê mais risada). 
Ficamos rindo lá, como dois imbecis, e decidimos que é hora de ir embora com a certeza de que teremos ótimas recordações. 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Se beber, não broxe...


...mas caso broxe, e queira sair com a autoestima lá em cima (porque o resto já era), dedicamos horas para ajudar você, homem trabalhador, que talvez sofra com esse problema comum, que sempre acontece com algum amigo que a gente conhece, e nunca com a gente.
Então, lá na hora de entroujar (esse verbo existe, eu fiz Letras, eu sei) o saci, nada aconteceu. Pode ser cansaço, cachaça ou qualquer outra razão, mas o fdp não levantou. O que você pode fazer pra sair sem o peso da culpa? Jogar a culpa na mulher, óbvio:
''Você não tá me deixando duro, deve ser algum problema com você''
''Hum...geralmente é só pensar em mulher que fica duro...''
''Você podia se esforçar mais, né?''
''Estranho, só acontece isso quando tô com você''
''Logo com você, que coincidência..''
''Você ainda tem aquele catálogo de lingerie?''
''Põe a blusa de volta?''
''Acho que se apagar a luz..''
''Com sua irmã funcionou..''
''Não quer ir tomar um banho, lindinha?''
Se elas sempre acham que a culpa disso é delas, por que você precisa se sentir mal também? Então não esquente a cabeça, relaxe e tente na manhã seguinte.


segunda-feira, 8 de julho de 2013

Minas Gerais

Mulheres. Criaturas realmente mágicas e enigmáticas. Complexas de verdade. E contraditórias como nenhum outro ser vivo. Se você é mulher e está lendo isso, saiba que nós te amamos, mas que vocês enchem o saco às vezes.
Sempre notei em algumas amigas um fenômeno interessante: a incrível capacidade de se apaixonarem por caras que não estão nem aí pra elas. É claro que homens também passam por isso, mas me parece que com mulheres a porcentagem é maior. E as reações um pouco diferentes também. Eu odeio generalizar, mas sempre achei que as mulheres são mais emocionais e, de vez em quando, não pensam direito nas ações que tomam. Ela pode perceber e desconfiar que o cara não quer nada com ela, só quis ficar uma vez (o que nem é algo particular dos homens, mulher também pega homem só por pegar. Só que, porra, como assim ele não quer nada?) e mesmo assim vai até o final, mandando o máximo de SMS possível, até a esperança acabar de vez. E esses SMS geralmente são geniais. Tem aquele que implora pro cara sair com ela: ''eu ia te chamar pra jantar fora, mas sei que você não vai, então nem vou chamar''. Tem aquele ''oi'' seguido do ''desculpa, mandei pra pessoa errada''. Tem os mentirosos, tipo ''ah..se eu não fosse sair sábado com uns amigos, ia te chamar pra ver um filminho aqui em casa..''. E o pior,ela pode fazer isso sem estar apaixonada., só porque quer alguém atrás dela. E aí o cara responde qualquer coisa, como: ''oi, tudo bem? desculpa não responder antes''. E ela fica procurando todos os significados possíveis para cada letra da mensagem, tentando achar algum que diga que ele está minimamente interessado. E é óbvio que você, mulher que está lendo isso, vai falar que você não é assim.


"彼は言いたかったことか。"

Depois, passada a desilusão e a dor da rejeição, ela fala que vai começar a cuidar mais dela, não se apaixonar tão facilmente, escolher melhor, sair com as amigas e mostrar como está bem sem homem nenhum, como em uma música do Luan Santana. E ela faz isso. Até o final de semana seguinte.

domingo, 7 de julho de 2013

Sexo Trágico

No quarto, o cara não consegue dormir direito porque seu bebê chora a madrugada inteira e sua mulher tem de se levantar da cama a cada trinta minutos. “A hora em que eu mais preciso de sossego e acontece isso!”, pensa ele. Pensa também por alguns instantes que seria melhor se tivesse usado camisinha, mas depois reflete um pouco mais e amaldiçoa a esposa por ter esquecido de tomar a pílula. “Ela se esqueceu, sei...”. No café da manhã apressado, a mulher lhe dá “bom dia” com o neném no colo e ele se resume a responder rispidamente “Teu filho me atrasou. De novo.” E sai para o trabalho.

No trânsito, buzina a todo instante, como quem afirma que o erro sempre é dos outros motoristas. Aliás, outros, não! OutrAs, porque, em sua opinião, só mulher faz barbeiragens desse nível, ainda que ele veja de longe, rapidamente, e não reconheça o sexo do condutor. Aproveita para buzinar para uma estudante que passa pela calçada. Ela não usa decote nem saia curta, mas se está com uma calça apertada é porque “está querendo oferecer o produto”. Ele diz coisas desagradáveis, acha que está elogiando. Ela, constrangida, acha melhor ignorar. “Essa vadiazinha é difícil”, resmunga pra si mesmo. Sinal abre, ele sai cantando o pneu para impressionar.

No trabalho, mais um dia de merda. Computador lerdo, serviço acumulado, chefe enchendo o saco. A cada oportunidade em que não há ninguém por perto, verifica os emails que seus colegas lhe repassam durante o dia, geralmente com a palavra “cuidado ao abrir” acompanhando o título da mensagem. Faz sua parte, claro, e repassa todas as putarias que recebe. “É, putaria mesmo! Posou nua? É puta! Foi filmada pelo namorado enquanto dava pra ele? Puta burra! Fez filme pornô? Puta profissonal!”. Ao final do dia, passa pela recepção da empresa e ainda assedia a recepcionista, como de praxe. “Ela é meio feinha, mas tem uma bunda gostosa. Claro que quer que mexam com ela”.

Em casa, após o banho e o jantar preparado pela esposa, lembra das mulheres que viu na rua, na empresa, nos emails, e fica excitado. Olha para a mulher e dá indiretas para irem logo pra cama. Após uma semana sem sexo, ela já deve estar com vontade novamente. Para tentar agradar, diz que vai ajudá-la a lavar a louça depois. Ela não acredita muito, mas põe o bebê para dormir e eles vão pra cama. Após quatro minutos por cima dela, ele goza, diz que está cansado, que o dia foi um sufoco e que não via a hora de chegar em casa para ver a mulher que ama. Vira para o lado e dorme de imediato. O ronco só é interrompido de madrugada, pelo choro da criança.